Em uma análise da conjuntura política e civil brasileira pode-se, sem grande esforço, perceber situações adornadas por crises crônicas instaladas em diversas, se não todas, as dimensões da sociedade. E esta deficiência que se propaga encontra, ironicamente, no mesmo ser, seu agente desencadeador e sua própria vítima: o homem - que internaliza esse quadro como algo já pré-estabelecido, do qual é condicionado a protagonizar.
Para que essa postura assumida por toda uma sociedade seja consolidada, é necessário haver um contexto geral que a possibilite. E é exatamente com esse propósito que, em cada medida de extensão territorial do Brasil, estende-se um desmazelo político - por parte dos representantes da grande massa - que assusta e, por vezes, intimida. Sabe-se ainda que essa estrutura governamental existe de modo tão "engessado", ao ponto de sua dissolução apresentar-se no imaginário popular como um fato de caráter deveras utópico.
Toda e qualquer mudança almejada deve ter como ponto determinante o próprio ser humano. Partindo dessa premissa, contrói-se o parecer que indica estarem na parte interessada as soluções para uma conquista. Em outras palavras, as alterações desejadas precisam ter como ponto de partida o povo. Deve-se agir na base da sociedade, em sua formação: a educação. Essa mesma, que tão subestimada tem sido , é dotada de todos os instrumentos que viabilizam o processo de emancipação do indivíduo diante da opressão social, a que, cotidianamente, se vê deparado.
Dado esse momento de conscientização do dever do ser na construção de uma perspectiva diferente do que, há muito, lhe é imposta, é preciso por em prática o que, de antemão, fora acordado. Assumido o posicionamento, é preciso um árduo, vagaroso, incessante e progressivo trabalho nas "raízes" da educação, a fim de se alcançar a reestruturação social; tendo em vista que a essência dessa nova filosofia educacional - e, por que não, de vida - é a disseminação de um ensino gerador de cidadãos críticos, ativos, construtores de uma nova História nacional.
Como consequência de um modelo de educação libertadora - tal como idealizou o mestre Paulo Freire - tem-se contemplados energicamente empasses sociais - já amenizados devido ao novo caráter educacional assumido - como: violência, desemprego, fome, alienação política, desestrutura emocional e familiar, enfim, todos os maiores desafios e empasses a que o homem historicamente esteve subordinado, submetendo-se a condições de vida indignas e negando aquilo que o torna singular perante todo o universo - sua própria denominação: humano. E é nesse cenário de satisfação de suas aspirações que ele saberá ter encontrado aquilo que tanto ansiara e jamais houvera experimentado; a, antes, inatingível e, já tão sua, tão íntima: felicidade.
SOUZA, Daniele.