terça-feira, 19 de julho de 2011



Não quero mais dormir para que me não esqueça ou desvencilhe por um momento sequer de tua existência e do conforto que ela traz a mim. Viver sem um saber de você me reparte a alma, me arrebata a calma, me tortura sem dó.
SOUZA, Daniele.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Partejamento da lógica do social

O século XVIII, conhecido como século das luzes, é marcado por grandes revoluções que rompem com antigas concepções e instauram novas, abrangentes aos mais diversos aspectos da vida social. É marcado por uma profusão de mudanças e transformações de ordem: política, econômica, social, religiosa, científica e afins.

O ocasionamente de marcos quais o Iluminismo - conjunto de novas ideias que rompem com a teoria social ancorada no modo de pensar religioso -, as Revoluções Francesa e Industrial - esta de caráter econômico e aquela de cunho político -; o capitalismo como modelo econômico vigente e, por sua vez, potencializando fenômenos como a desigualdade social, o reconhecimento de novas classes sociais: burguesia e proletariado, o desapego às concepções religiosas e, por conseguinte, a identificação com a razão e sua busca, dentre tantos outros acontecimentos, serviu como cenário propiciador e propulsor das condições para o surgimento da ciência da sociedade.

Uma ênfase à questão da razão faz-se necessária nesse contexto. Isto porque ela - a razão - fora proclamada como princípio organizador da vida social. (Na essência deste termo encontra-se também intrinsicada a noção de indivíduo, que, a seu modo, assumiu a responsabilidade de protagonizar novos padrões de organização da sociedade e, mais ainda, novas maneiras de pensar e de praticar esse pensar - na forma de ação social.)

Tais especulações no campo das ideias e das relações sociais, sintetizado pelo conhecimento autônomo da vida social, cria as condiçõe básicas para o saudável repontar de uma nova ciência: a Sociologia. (Este fenômeno, antes de mais nada, decorreu da pressuposição de que o processo histórico possuem uma lógica de passível apreensão.
SOUZA, Daniele.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Compreensão antiga x Compreensão moderna do tempo

O vocábulo "tempo" constitui-se como um dado um tanto complexo de ser definido e conceituado. Justamente por esse motivo, nem sempre encerrou em si as mesmas atribuições. Tais contrastes tocantes às diferentes formas de enxergar e pensar evidenciam-se, a rigor, nos tempos antigo e moderno; tempos esses em que a abordagem quanto a este único assunto faz-se de modo tão multifacetado.

No mundo antigo - tratando-se principalmente dos gregos - só se pensava tempo como sendo algo concreto e, para tal, constumava-se atribuir-lhe fatos e acontecimentos relevantes à época, tais quais: períodos de colheitas, de gueras, questões climáticas, e outros. Os gregos, ainda, associavam tempo à questão de ciclos que a natureza apresenta de nascimento, desenvolvimento e fim. E, com propriedade, pensavam o homem e a sociedade sob a lei de ascensão, degeneração. Era, portanto, para um grego impensada a ideia de agrupamento e acréscimo de tempo ou quaisquer outros fenômenos da vida. E essa distorção no pensar é descontruída por uma evidente conquista moderna: a noção de progresso.

Foi na modernidade que se passou a apontar e entender a História como conjunto das ações da humanidade e a perceber uma gradativa evolução, um notável progresso. Apontamento que exige uma compreensão não mais concreta de tempo mas abstrata, por excelência. Partindo dessa inferência seguem-se as demais demarcações relacionadas a tempo, quais: entendê-lo como algo passível de agrupamento, bem diferente de ciclos ou linhas constantes - como no caso da filosofia escolástica - mas, sobretudo, uma reta crescente, ascendente, progressiva, em última análise; entendê-lo como um fluxo infinito, uma lacuna, um intervalo vago a ser preenchido mediante realizações, seres e fatos. E, tanto é evidente e destacado esse ideário moderno de tempo e progresso que se torna possível e, mais, saudável e comum, a façanha de olhar para o passado, avaliá-lo, estabelecer comparações com o presente, realizar intuições com relação ao futuro e tantos outros feitos permitidos por toda essa abstração que ele comporta em sua essência. 
SOUZA, Daniele.
*Artigo apresentado em prova do domínio Filosofia e História.
(Conceituação: 10)

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Como diria Caetano: "Tempo, tempo, tempo, tempo..."

O tempo por ser, em sentido próprio, um dado conceitual um tanto quanto complexo nem sempre possuiu a mesma identidade de definições. A rigor, ele encerrava em si nos tempos antigos modos de compreensão que em todos os aspectos contrastam-se com o modo moderno de compreendê-lo.

Através da ótica antiga e especialmente grega, não a palavra mas o fenômeno tempo era concebido, entendido, como algo de caráter concreto necessariamente preenchido por um conteúdo relevante para os povos que ele - o tempo - viviam e sobre o qual pensavam, como: o tempo da colheita, o tempo da guerra - para citar apenas alguns. Tal pensamento, se pensado mediante uma forma gráfica, teria "feições" cíclicas. E esse tempo cíclico estaria baseado em uma analogia com o ciclo que rege a natureza, de nascimento, desenvolvimento e fim. Assim como ocorre na natureza também ocorreria aos homens e ao Estado, segundo os antigos: surgimento, apogeu, declínio. (A saber, inexistindo em tal processamento de ideias a de sobreposição de sociedades e gerações diferentes.)

Esse modo de entender o tempo desconstroi um conceito fundamental alcançado pela modernidade: o progresso. A partir da idade moderna, passa-se a entender a História como um conjunto de ações da humanidade que apresenta gradativamente uma evolução, um progresso. Mas para se chegar a tal inferência fez-se antes necessário entender tempo como algo abstrato e passível de acréscimo. (E esta para os gregos, os antigos, era uma hipótese inimaginável. Torna-se impossível a ideia de acrescentar, de agrupar, quando se pensa ser preciso destruir, pôr fim, para iniciar ou criar algo. A noção de progresso é, portanto, incompatível com o ideário cíclico de tempo.)

Progresso pressupõe constante acréscimo, constante melhora. E tal conclusão é alcançada na modernidade, que compreendia tempo como um instante, um fluxo infinito; uma lacuna a ser preenchida com realizações mediante o "desenrolar" da História. Essa ideia possibilita acumulação de coisas, seres e feitos, permitindo comparações, autoavaliações e suposições mediante a consciência de progresso.
SOUZA, Daniele.
*Esboço do artigo Compreensão antiga x Compreensão moderna do tempo.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Contadores de histórias x Construtores da História

"história sf 1. Narração metódica dos acontecimentos sociais, políticos, econômicos e culturais notáveis e dignos de memória, ocorridos na vida da humanidade, de um povo ou de um Estado; 2. estudo das origens ou progressos de uma arte ou ciência; 3. narração, narrativa; 4. fam fábula, mentira; 5. pop conversa fiada. Cf historia do v historiar."

Saber história, ser história, fazer História: faz parte do ofício de ser um ser. Mas não é de qualquer forma que isso ocorre. Não basta ser, há de se existir para construir. Tal reflexão não se detém à discussão sobre estar ou não vivo - tendo-se isso como um pressuposto básico - mas, sobretudo, discorre sobre a consciência de que se vive. Consciência esta que localiza-nos no tempo e espaço como receptores de legados passados, autores de contemporaneidade e projetores do que ainda há de ser e haver - e que, possivelmente, nem desbravaremos, visto que o futuro é nosso mas não nos pertence.

É inegociável, para tanto, a condição de examinadores e conhecedores do que se foi e a de engajados nas instâncias e responsabilidades presentes. Com isso, constrói-se o não conformismo com o que de errado foi implantado e a preocupação em não estar aquém em relação aos grandiosos feitos edificados, à princípio, no histórico estático social e, pois, promovidos ao histórico dinâmico social. Desperta-se o desejo de ser homem - agente ativo e construtor - e não um ser apenas - expectador, passivo.

Há de se salientar ainda que para que ocorra tal transcendência - de história para História - faz-se necessário tornar as práticas sociais dignas de notoriedade e, portanto, merecedoras de um lugar também nas memórias que virão. Isso configura honra para quem ou o que é lembrado e também para quem tem tal oportunidade e prazer. À margem disso, o que constrói-se nada mais é que uma narrativa solta, perdida em si ou mesmo nos ares, sem importância alguma para a posteridade - talvez nem mesmo no momento em que se deu.

Escave, esmiuce, vasculhe, procure, descubra, conheça, revire, saiba a História. Veja, lembre, aconteça, crie, reinvente, acrescente, mude, seja, faça, viva a História! Não esteja alheia a ela, jamais. Caso contrário, consistirás apenas em uma sombra de algo poderia ter sido mas não o quis.
SOUZA, Daniele.

Teconfundíndome

Aspiro tua ofegância
Pressinto teu chegar
Dispo tua vergonha
Enfeitiço teu olhar

Convido-te à insônia
Penetro teu sonhar
Aprisiono tuas vontades
Deslizo em teu cuidar

Contorno teus mistérios
Consigo o teu tentar
Escuto tua pele
Desvendo o teu calar

Sufoco teus quereres
Devoro teu pensar
Abraço, pois, teu beijo
Atinjo um murmurar

Exalo teus sabores
Aumento teu pulsar
Encerro-te em mim
Converto-te a me amar
SOUZA, Daniele.

Puerícia perdida

Quisera eu saber onde recata-se a pureza da infância!

Dia ante dia apresenta-se a mim sem que sinta tal fenômeno. Em dado momento, não mais me reconheço ao mirar o espelho. Percebo então, em mim, olhares - por vezes distantes, outras lúgubres; desenhos que definem e detalham preocupações inegáveis, eternizadas na face; lábios que já minaram tanta singeleza e, hoje, apenas destemperanças, despropósitos. Sussurro algo - como que querendo impor à voz uma suavidade não convincente - e o que noto é amargura e frigidez. Ah, e ainda me sobram os pensamentos para serem vasculhados, mas também estes me foram violados - e tanto que não remontam nem de longe uma mente tempos atrás permeada por devaneios, quimeras. Antes, deparo-me, à contragosto, com um pensar irrigado por inquietude e sofrimento.

De tudo que fui, comparado a um resíduo que sou, por resistência própria conseguiu salvar-se do amargor apenas meu coração. Não está ileso, contudo resguarda em si provas do quanto fora feliz. E palpita ainda incrivelmente na mesma cadência, no mesmo compasso ordinário. Um filete apenas de lembranças queridas ainda mantém, em parte, sua vida - hoje apenas um vestígio de uma outra adoravelmente pueril.

Quisera eu pudesse voltar no tempo e permitir-me à felicidade que só se colhe de manhã. Entregaria-me às asas da liberdade de pensar, amar, traquinar; e estaria, enfim, eximida de todo um viver cativo em mim - que mais me conferira margens ao morrer que ao gozar.
SOUZA, Daniele.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Uma confusão qualquer

Raça curiosa a humana. Esta dotada de seres que, ridiculamente, julgam-se detentores do saber - de todo ele.

Somando-se sabedorias daqui e dali, podemos até, quem sabe, constatar um saber científico absoluto. Porém nada faz-me acreditar que tal coisa seja possível no tocante ao que escapa do concreto. Há como discordar sobre o fato de que a respeito de abstrações não existe meio de se formular definições lógicas? Eu mesma respondo: Não, não há! É impossível criar ou seguir sentenças absolutas sobre isso simplesmente porque no "campo" dos sentimentos tudo é relativo, inconstante, volúvel, transmutável.

Com tal reflexão, quero discorrer sobre algo que há muito atordoa-me. Como é possível conhecer nossos sentimentos; nomeá-los descompromissadamente; medir suas dimensões; e neles imprimir marcas temporais como princípio, meio, fim? Saber que os tais existem já não seria o bastante? (Não por desisteresse em se conhecer mais a respeito, mas por uma evidente limitação constada no querer extrair deles minúcias que não nos cabe. Afinal, há longínqua distância entre o querer e o poder.)

Saber que sentimos não implica no direito de compreender o que ou quanto se sente - apenas degustamos se bom ou ruim.

Quem pode satisfatoriamente - sem arrodeios e meias-palavras - definir o que é amor? Muitos, corajosamente, podem arriscar-se a tentar. Contudo, mesmo sendo o amor da ordem do senso comum, não haverá uma só resposta no mundo isenta de um caráter extremamente particular. Isso porque o amor não possui uma identidade específica. (Forte isto!) Mesmo que alguns valham-se das mesmas palavras para descrevê-los, a cada um caberá significados e interpretações que lhos convém.

Amor é o que ou quem se quer e, paradoxalmente, nem tudo pode sê-lo. (Como explicar isto?) Para se dizer amor, deve-se ser livre de certas miudezas e abundante em outras - o que também não é regra mas é o que o empirismo pode argumentar.

Na realidade, quando conceituamos, definimos ou limitamos amor, não se trata do amor, entretanto de um amor. (Isso mesmo; apenas mais um.)

Esses amores tão certos e inegáveis - visto que o sentimos - são nossos; unicamente, especialmente nossos; problema nosso - digamos assim. Já o amor mesmo, supremo e muito bem acompanhado por artigo definido, este nada mais é do que o acúmulo de todos os amores e amantes universais. (O que torna-o rico e de inatingível estimativa quanto sua essência. É, pois, o sentimento maior.)

Extraindo do termo toda sua pompa para uma infeliz tentativa de amenizar quanto a ele nossa dúvida, diz-se que seria a conversão do palpável em irreal, capaz de promover substâncias de toda ordem ao mais próximo possível da perfeição.
SOUZA, Daniele.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Olhar amante

Minha memória é, por conta própria, condicionada a captar do universo apenas aquilo que lha convém. E, de nós dois, é isto que percebo.

Vasculhando rastros de nossos momentos, debruço-me por sobre um fato sem par. Uma escassa e ingrata, única imagem capaz de a mim provar que não é sonho o que entre nós há. Por mais força que faça ou por mais vontade que tenha, dos meus sentidos só um não resiste em confiar-me nossa tão casta e símplice história. Ah, e meus lábios riem-se ao lembrar de como conversam nossos olhos. Olhos que se entendem, dançam entre si e confortam-se - como que parecendo serem donos de uma certeza relativa ao futuro. Tais que parecem saber que, não muito distante, poderão estar mais íntimos - tão íntimos! - a ponto de, então, confundirem as marcas de suas impressões advindas de tudo que difere deles - fundindo-os, inacreditavelmente, em um só.

E - será possível!? - constituirão um só; um só ângulo, uma só herança. (Contudo, não perdendo-se a pluralidade de informações, mas, sim, acrescendo-se intensidade, qualidade e maior importância na arte do observar.)

Nossos olhos interagem tanto! E como entendem-se! Causa-me espanto.

Nossos olhos conversam tanto! a ponto de aquilo que é externado e pode, pois, ser testemunhado pela atmosfera local ter de contentar-se estar em segundo ou mesmo em nenhum plano - já que, de tudo, o que cuido eu em guardar são os sincronizados movimentos de seus, nossos olhos. Eles se bastam! (E ditam mais a mim o que preciso saber que todas as demais formas de expressão poderiam me descrever.)

Nessas nossas conversas - em que o assunto é um pretexto e o que importa é a companhia - nossos olhos se amam, fazem juras, casam-se e, desde já, são felizes para sempre. Que curioso que é isto, pois em tão peculiar diálogo, posso depreender respostas e ter certeza do "sim" que vem do olhar de meu amado.
SOUZA, Daniele.

terça-feira, 9 de março de 2010

Sim, é possível!

Vida só tem sentido se nela forem estabelecidas metas as quais fazem jus aos nossos ideiais. Utopia ou não; quimera ou não; vendo realizado ou não aquilo pelo qual luta-se; injusto seria acovardar-se e, no meio da trajetória, estagnar.
É preciso ser sonhador, sim. E preferível seria ter na vida um fim do que porventura possuí-la isenta de sonhos, anseios. Não mais haveria porquê vivenciar algo que não se acredita, a vida em si.

É preciso acreditar no que se pensa; acreditar nos seres denominados humanos. Acreditar que aqueles que se dispuserem a ser diferentes terão êxito e contribuirão para a melhora de suas vidas, da vida de seus descendentes e também dos omissos, indiferentes e apáticos que maioria configuram.

Sim, é louvável possuir uma vida com propósito!
SOUZA, Daniele.