sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Mistério dos olhos

Ninguém é tão forte a ponto de nunca haver chorado
Eu, não diferente dos demais, chorei, confesso
Ah, sim, eu chorei!
Sinto em mim um estranho sentimento envolvente
Conferido pelo choro recente que me veio sem que o quisesse
Um choro abafado ora pelas mãos, ora pelo travesseiro -
Este, molhado, quente de tanto testemunhar esta melancolia a mim acometida

Mais do que o choro incontrolável de meus olhos
É o choro de minha alma
"Por que chora minh'alma se sabe haver quem a console?
Será por falta de alguém que não mais tem?
Será por algo que acontece sem porquê?"
O motivo é algo que, julgo eu, não deva ser proferido
Mesmo porque, seria de difícil crédito

Mas a natureza realiza seu ritual
Dia some, noite vem
E, deitada com o travesseiro ainda molhado,
Sinto do alto vir refrigério
Meu Deus a me acalentar
Cuidando de mim como um Pai
E, agora, mais esperançosa, sem perceber,
De um sono profundo posso desfrutar ao adormecer
SOUZA, Daniele.